Sobre o Projeto

PARTIMOS DE UMA INQUIETAÇÃO…

Reconhecer a participação de mulheres e homens negros na formação social, cultural e intelectual da nossa sociedade, agindo sobre o apagamento sistemático destes protagonistas, é fundamental para preservação e atualização da memória e valorização da ancestralidade negra na região, que desde o final do século XIX é palco de inúmeros conflitos raciais e de importantes iniciativas da luta antirracista.

Assim o LAB Procomum tem desenvolvido desde 2020 o projeto Memórias, Narrativas e Tecnologias negras da Baixada Santista que busca evidenciar o protagonismo nacional -ancestral e contemporâneo- da população negra da Baixada Santista através de residências artísticas, encontros formativos, pesquisa e prototipagem de soluções.

O Mapeamento  traś  a sistematização das informações estruturadas durante a pesquisa e projeto identificando pessoas, iniciativas e infraestruturas, estabelecendo um contraponto crítico com o processo de apagamento da memória e ancestralidade negra na região da Baixada Santista.

NOS INQUIETAMOS PORQUÊ

A busca por formas inovadoras de existir em coletivo, informar, engajar e mobilizar pessoas orienta o trabalho do Instituto Procomum. Pensar em novas existências para nós significa que precisamos tornar o espaço que vivemos mais inclusivo, reconhecendo, valorizando e difundindo os saberes de diferentes grupos e populações.

Considerando a nossa história social, é natural que isso passe também pelo agenciamento de reparações, reconhecendo espaços de representação e protagonismos para que possamos tecer juntes um mundo mais equânime e seguro entre diferentes.

Estamos sediados na cidade de Santos, cuja história, perpassada por desigualdades, nos move à investigação e reflexão. Para citar alguns dados:

  • Santos é considerada a primeira cidade a ter antecipado o “fim da escravidão” em dois anos em relação ao restante do país, abrigando importantes quilombos como os do Jabaquara ( segundo maior do país, depois de Palmares), do Pai Felipe (o rei batuqueiro), do Garrafão (Ponta da Praia), entre outros considerados marcos da luta contra a escravidão;
  • Foi eleita por diversos rankings a melhor das grandes cidades do Brasil para se viver, mas também acumula a classificação como terceira cidade mais segregada racialmente de nosso país;
  • Segundo o Censo Demográfico de 2000, a maior proporção de negros no Estado de São Paulo reside na Região Metropolitana da Baixada Santista, formada por 34,8% de sua população.

Apesar de ser palco de iniciativas da luta antirracista, berço e morada de personalidades negras importantes para nossa história nacional, observamos um sistemático processo de apagamento desta memória, e por isso decidimos (re) escrevê-la.