Francisco José das Chagas – Chaguinhas
Cabo do Primeiro Batalhão de Santos no período do Império português. O militar negro liderou uma revolta no velho quartel da Rua de Santa Catarina, o Primeiro Batalhão de Caçadores, em Santos, que culminou por conta de atrasos de 5 anos de salário. Os manifestantes reivindicavam ainda aumento do soldo e igualdade no tratamento de soldados brasileiros e portugueses.
Chefiada por Chaguinhas e outros seis soldados, os amotinados atacaram uma embarcação de bandeira portuguesa causando a prisão de seus líderes: Chaguinhas, Cotindiba, Sargento José Corrêa, o furriel Joaquim Roiz, os soldados José Maria Ramos e José Joaquim Lontra e o cabo Floriano Peres. A punição foi a pena de morte, sentença dada em 20 de setembro de 1821.
A forca foi erguida no Largo da Forca, atual Largo da Liberdade. O primeiro a ser executado foi o soldado Contindiba. Na vez de Chaguinhas a corda arrebentou e o réu caiu no chão. O povo gritou: "Liberdade", dando origem ao atual nome do hoje bairro Japonês. Era o costume nesta época que o condenado fosse perdoado em casos como esse ou tivesse sua pena trocada, sendo a “vontade de Deus, mais poderosa que a dos homens”.
O governo foi intolerante e novamente foi armado o laço e dependurado para lançamento e novamente a corda arrebentou. O povo gritava que era um milagre. Chaguinhas pela terceira vez foi enforcado, mas ainda mostrando sinais vitais, foi assassinado a pauladas, terminando a pena.
Depoimento do padre Diogo Antônio Feijó (1784-1843), que depois se tornou regente do Império: “Vi com meus próprios olhos a execução do cabo Chaguinha, que se deu antes do julgamento do pedido de clemência feito ao príncipe regente, D. Pedro I. Ao iniciar o enforcamento, o cabo caiu porque a corda se rompeu. Como não havia corda própria para enforcar, usaram laço de couro, mas o instrumento não foi capaz de o sufocar com presteza. A corda novamente se partiu e o condenado caiu ainda semivivo; já em terra foi acabado de assassinar”. Padre Diogo Antônio Feijó
Segundo o site oficial, em 1767 já havia o Regimento de Infantaria da Praça de Santos, com seis Companhias de Infantaria, que em 1808, veio a receber a denominação de Regimento de Caçadores de Santos. Este regimento foi dissolvido devido à reforma militar em 1824. Não há no site menção sobre os revoltosos.
Ao batizar de Japão-Liberdade estação do Metrô em SP, em 2018, as autoridades municipais e estaduais ignoram a memória negra do bairro, cujo nome rende homenagem à resistência de Chaguinhas.
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