As ´Tias` do samba se destacaram nos anos 1930 e 1940. Tias Euclydia e Lidyonetta foram pioneiras na Baixada Santista. Eram netas de africano da nação Nagô e nasceram em Rio Claro, interior paulista: Euclydia, em 1889; Lidyonetta, em 1900.

De acordo com o pesquisador santista J. Muniz Jr., em ´Panorama do samba santista`, as irmãs mudaram-se para Santos ainda no colo da mãe, dona Maria Henriqueta de Jesus Matos, "uma ama de leite que viveu até a idade de 103 anos". Escreve J. Muniz Jr.: “Desde meninas, gostavam de ouvir seu avô cantar em nagô, pois ficavam envolvidas por uma estranha sensação que as obrigava a dançar. E durante os carnavais iam assistir aos cordões que desfilavam pela cidade e acabavam entrando no meio do batuque."

Com essa disposição, em 1926, Euclydia e Lidyonetta estavam à frente do Baianinhas do Bonfim, que na década seguinte se tornaria o rancho Arrasta a Sandália Aí Morena. De acordo com Muniz Jr., o rancho ganhava as ruas com as pastoras trajadas de baianas, ao som do samba. Essa tradição teria acabado na década de 1950, com a oficialização do carnaval. As irmãs passaram a desfilar como baianas nas escolas de samba da cidade, à época a X-9, a Brasil e a Império do Samba. “Tias Lidyonetta e Euclydia eram matriarcas do samba, mesmo. O que elas passaram na época de perseguição e resistência do samba é o que o pessoal de agora nem se interessa em saber", afirma o pesquisador.

De acordo com ele, um fato curioso é que “o rancho era ao mesmo tempo uma escola (rancho-escola), pois durante suas festivas reuniões eram realizadas rodas de samba com concursos para baianas e inclusive entrega de diplomas para a melhor sambista. Essa escola do rancho foi criada em 1936, sendo a primeira a surgir na cidade, graças a iniciativa das duas irmãs festeiras."

As imagens aqui utilizadas estão no livro ´Panorama do samba santista`, de J. Muniz Jr. (p. 58)