Havia uma tensão social entre comerciantes que realizavam construções que se sobrepunham às existentes na área mais antiga, a dos Quartéis. Essa tensão resultou no surgimento de dois grupos: os temidos valongueiros e quarteleiros. Nestes grupos estavam capoeiristas, valentões e quem mais se dispusesse a brigar. Os grupos protagonizaram verdadeiros embates para marcar território.
Ana Lúcia Duarte Lanna, em Um Cidade na Transição – Santos: 1870-1930, aponta que valongueiros e quarteleiros não estavam para brincadeira. “A partir de 1850, as tensões agravaram-se praticamente interditando o acesso às missas no Santo Antônio pelos quarteleiros e às da Matriz pelos valongueiros. No início dos anos 1860 as autoridades convocaram um piquete da cavalaria do governo provincial para cessar com os tumultos. A cavalaria foi derrotada pela população que teria trancado a rua com fios de arame.” (Op.cit. p.41)
Ela afirma que no Valongo havia predomínio das funções comerciais, e o bairro era composto quase que totalmente por elementos de origem portuguesa, reinóis ou ilhéus. Já o espaço dos Quartéis era mais antigo, com predomínio das funções militares e administrativas. Onde vivia uma população de “condição modesta, que vivia da pesca, extração de lenha nos mangues e formada predominantemente por elementos de origem nacional, caboclos e mulatos, com sentimento de rancoroso nativismo” (Op.cit.p.41 – grifos da autora)
Endereço:
R. Marquês de Herval, 13 - Valongo, Santos - SP, 11010-260