Vilarejo de Cubatão concentrava população negra
Até o século XX, quando nos referimos a Santos, o território inclui os atuais municípios de Cubatão, Guarujá e Bertioga. Considerando que alcançar o planalto, 'vencer a muralha' da Serra do Mar, foi desde muito cedo essencial para o desenvolvimento da região, a área no sopé e no alto da Serra do Cubatão guarda fatos fundamentais para a história da população negra. A população negra que vivia no Vilarejo do Cubatão era composta por pescadores, tropeiros, barqueiros e carregadores de carga.
Até a passagem do século XVIII para o XIX, mesmo após a construção da Calçada do Lorena, a ligação do porto com aquela região era feita pelos rios. Toda mercadoria que descia ou subia a serra tinha que parar em Cubatão. Do porto até ali, ou dali até o porto, era transportada em canoas, até a praia no Valongo, chamada de Porto das Canoas – ali não havia profundidade nem condições para a atracação de navios, o que ocorria poucos metros à frente.
As melhorias implementadas nos caminhos ligando Santos, Cubatão e São Paulo (capital e fazendas do interior) impulsionaram o crescimento econômico e a atividade portuária. A Calçada do Lorena, por exemplo, apesar de importante melhoraria no acesso, ainda tinha seu ponto de partida e chegada em Cubatão, o que não resolvia por completo os transtornos causados pelo transporte de mercadorias em canoas. Pode-se dizer que nessa incômoda conexão, sobretudo para os comerciantes, está a origem do sistema de pedágio na ligação da Baixada Santista com a Capital: os jesuítas, por exemplo, tinham área arrendada no pé da Serra do Cubatão e passaram a cobrar taxas pelo trânsito de mercadorias. Depois, a própria Fazenda Real ocupa o lugar dos jesuítas e mantém as taxações. Estamos falando de finais do século XVIII, inícios do XIX, pois em 1825 tem início a construção da estrada que ligará Cubatão a Santos.
Ao destacar a movimentação no Vilarejo de Cubatão, o pesquisador santista J. Muniz Jr., no livro ´O negro na história de Santos` (2008), descreve o local como "um aglomerado de cubatas", ou seja, casas cobertas de folhas, choupana de negros africanos. "Era um reduto de escravos e pouso de tropeiros".